“Na nossa vida, acontece muito, mas nesse muito há uma pequena quantidade a que damos importância. Pois esquecemo-nos de ter em conta toda as mínimas coisas que nos fazem felizes, as mínimas coisas que nos acontecem de bem. Isto porque, para nós, todas as pequenas coisas boas não tem importância nenhuma ao lado das ainda mais pequenas coisas más. Sim, como é que é possivel? Se são mais pequenas as coisas más, deveriam também ser as menos importantes não é?
Foram estes dias que passaram que me despertam para este facto.
Entrava num edifício estranho para mim e tudo parecia normal. Passava à sala de estar e começava a olhar à minha volta… Pessoas sem cabelo era o que se via em maior número.
Mais à frente, sento-me numa cadeira e aí reparo… Está uma criança que não se pode sentar ao meu lado, numa cadeira igual à minha… Já alguém pensou no bom que é sentar-se numa cadeira normal, comodamente? Já alguém deu importância a isso? Pois, eu também não dava até áquele momento em que via um menino muito, mas muito querido, com um olhar penetrante que parecia querer dizer que valia a pena viver, nem que fosse só para comtemplar a feliciade dos outros. Concentrei-me nos seus lindos olhos e sorri, contendo as minhas lágrimas. Muitas vezes, são as pessoas que se encontram em situações piores do que nós que nos dão força para continuar. Como posso ser tão feliz e não me dar conta? Sentia-me tão mal por recordar aquelas vezes em que dizia que não era feliz, sentia-me a maior pecadora de todos os tempos. Aquela criança, aparentemente, não se revoltava com nada nem ninguém… Enquanto que nós temos tudo o que queremos e revoltamo-nos com qualquer coisa sem importância nenhuma.
Como podemos ser tão insensíveis?
Eu sinto-me com muita sorte, sem dúvida… Não sei se mereço toda esta ajuda que Deus me tem dado…
Quando tive a feliz notícia que me fez sair daquele edifício, senti-me feliz, mas, por outro lado, também me senti triste… Também gostava de levar comigo aquela criança e muitas outras pessoas como ela.
Ao sair, encontrei à porta, muitas pessoas a chorar, outras a falarem ao telemóvel muito aflitas… Digam-me se eu não tenho sorte? Digam-me se há razões para dizer que não somos felizes? Que Deus nos perdoe por todas essas vezes que temos duvidado…
Aqui fica um muito obrigado a todas as pessoas que estão no meu coração e que sei que também me têm no seu.”
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"A Felicidade… Nas pequenas coisas!"
21 de Julho de 2005Fabiana Saraiva, in jornal “Sê…”